Yoga
Tive a oportunidade de fazer recentemente um workshop com o Prof. Danny Paradise. Amei a vivência, o encontrar mais uma pessoa com a mesma visão que partilho do que é o Yoga na vida do praticante.
Por estar expressa de forma tão lúcida num texto seu, que nos foi entregue no princípio desse workshop, transcrevo-o para o meu blog para o partilhar.
Svatantrya, Hatha, Ashtanga, Power, Mantra... seja qual for o nome antes da palavra Yoga, o fundamental é que a prática seja Verdadeira para nós, de forma a nos abrir a porta da evolução e nos fazer relembrar quem somos - o Ser!
Qualquer semelhança na interpretação deste texto com a visão de Edson Moreira, mentor do YogaLivre, é mesmo pura coincidência:) Quando abrimos o nosso coração, o espírito livre, eterno e divino é o mesmo em todos nós!
O espírito guia
Paradise defende que Yoga é assumir autonomia pessoal. E que o guru é uma anomalia dos propósitos antigos da filosofia.
07-08-2007
Por Danny Paradise - Trad. G. Costa
Para mim, é uma honra e um privilégio ter a possibilidade de ajudar a transmitir os ensinamentos e práticas de Yoga para comunidades pelo mundo inteiro. Yoga é um processo científico ancestral que age como uma base para viver a vida em seu potencial máximo e para criar constante evolução. Evolução em seu sentido mais elevado é a compreensão de que somos eternos, ilimitados e totalmente livres. As práticas foram possivelmente criadas há dezenas de milhares de anos, e representam um meio de criar responsabilidade pessoal, amadurecendo com vitalidade e com uma visão em expansão do Sagrado e da natureza da existência Sagrada. Uma das definições de Religião é "mover com grande velocidade em direcção à inquirição"(Krishnamurti). Yoga pode ser considerado a "Ciência da Religião"ou a "Ciência da Inquirição". As origens do Yoga e da maioria das religiões estão no Xamanismo, e podem ser vistas como meios de ajuda para nos guiar ao domínio do nosso sonho... o sonho da vida. Yoga é sobre assumir autonomia pessoal e responsabilidade por todas as coisas que criamos nas nossas próprias vidas. O guru é um fenômeno recente e é uma anomalia dos nossos propósitos e ensinamentos antigos do Yoga. A necessidade de ter gurus não existe. O Yoga foi criado com a proposta de ajudar as pessoas a se curar por si mesmas, restaurar e preservar a energia delas e voltar a ter contacto com as forças vitais que criaram o Universo.
A evidência antiga e símbolo do Yoga é a imagem esculpida na pedra de um yogi sentado, meditando. Não havia ninguém ao lado dele dizendo o que fazer ou pensar. A conexão de volta ao Espírito é representada por essa figura solitária fazendo a sua conexão e diálogo pessoais com o Grande Espírito. No começo, não havia intermediários ao Espírito, nem guru nem padre. Do meu ponto de vista, não há autoridades em Yoga além de cada praticante individual. As técnicas são criadas para fazer de cada pessoa a sua própria e única autoridade na evolução pessoal. Em outras palavras, o Mestre de Yoga é aquele que explora os ensinamentos evolucionários, não o guru ou intermediário. Um professor de Yoga representa alguém que tenha, talvez, mais experiência no campo de prática que tu, e ele pode ajudar-te a passar técnicas, sugestões e pontos de vista que ele adquiriu com a prática pessoal dele. As práticas de Yoga podem ser consideradas auto-correctivas e auto-instrutivas depois de um certo número de aulas frequentadas. Quanto mais rápido eu posso guiar alguém até à sua própria prática pessoal, melhor me sinto em relação ao meu trabalho.
O propósito verdadeiro de um professor não é ter montes de alunos, mas criar o maior número de Mestres possível. E ser Mestre em Yoga não significa ter perfeição de técnica, flexibilidade ou força. É mais o reconhecimento da natureza do Sagrado, da existência e auto-responsabilidade que vem com encontrar o nosso propósito na Terra. Quer ser um guru com um monte de discípulos? Então, quem sabe, pondere sobre o que Rumi disse: "No fim, o único aluno que te sobrará serás tu mesmo". Como antigas directrizes para viver, os ensinamentos de todas as tradições xamânicas, das quais yoga é parte, levam-nos a um entendimento que a Natureza é o nosso Guia Espiritual e Professor. Os ensinamentos de Yoga são conhecidos por terem nascido da observação da natureza. O nosso propósito é ajudar a restaurar, preservar e proteger o mundo natural, ou, no mínimo, reconhecer o processo de que o Universo está fluindo e não interferir nele. A Terra e o Universo são seres vivos... Isso tem sido compreendido por dezenas de milênios por todas as culturas indígenas em todo o mundo.
As práticas físicas de Ashtanga Yoga e todas as formas de Hatha Yoga ocupam uma pequena percentagem do dia. Alguns passam 20 minutis com Yoga e outros podem ter uma prática diária de duas horas ou mais. Quando os anos passam, fica evidente que essas práticas são também preparações para o envelhecimento e a aproximação da morte. É provado cientificamente que o Yoga pode adicionar 20 ou 30 anos de energia activa na vida de uma pessoa, mas, ao mesmo tempo, os ensinamentos podem eliminar o medo da morte e consequentemente todos os medos que nos impedem de seguir o nosso sonho. O Yoga está a evoluir há milênios e continuará a evoluir e expandir-se. Cada geração acrescenta as suas próprias ideias e expressões na ciência do Yoga. Essa é a beleza da sua evolução. Toda o mundo tem uma maneira diferente de descrever Yoga e o que ele significa na sua vida. É um caminho de sabedoria explorado por incontáveis gerações que investigam a lei natural... É parte do que os índios Cherokees chamam de "A Estrada da Beleza".
O movimento de raízes do Yoga no Ocidente é um círculo em constante expansão que cresceu para se tornar uma família de amigos em trocas culturais pelo mundo todo. No fim, o único mestre de Yoga és tu mesmo. Como Buda disse: "Tu és o teu único mestre". E não há um melhor caminho no Yoga. As várias linhagens e técnicas representam caminhos diferentes que servem para indivíduos diferentes. Eles todos são partes do mesmo caminho e muitas combinações das técnicas podem ser adoptadas. As directrizes existem há muitos milénios e são, talvez, tão antigas quanto a humanidade. As técnicas em si podem ser entendidas muito rapidamente e, apesar de aspectos como flexibilidade e fortalecimento poderem levar tempo para serem conquistados, outros aspectos da prática podem ser adquiridos imediatamente - especialmente quando um professor é compassivo, observador, experiente e não tem compromisso além de transmitir práticas que o aluno possa eventualmente aprender a fazer sozinho. Esse aspecto de auto-suficiência e independência do Yoga, para ajudar as pessoas a satisfazer destinos individuais bem como a criar um sonho de vida o mais selvagem possível, é o que Eu sinto que leva continuamente as pessoas ao círculo mágico dessas práticas.
Com Yoga, fica-se apto para sair da roda da vida regular e tomar um ponto de vista em constante expansão. A verdadeira espiritualidade está em aprender a pensar sobre si mesmo, aprendendo a fazer a conexão com o Grande Espírito, para criar alegria e bem-estar então ajudar a espalhar as mensagens de Paz e Amor. Os nativos americanos dizem que um Guerreiro Espiritual é alguém que cria um mundo de equilíbrio e harmonia para as próximas gerações numa base contínua. Então o apelo do Yoga é abrangente porque todos nós queremos ser independentes, livres e totalmente preparados para criar e encontrar todas as nossas responsabilidades. Quem não quer ser destemido, sem medo e supraconsciente? Se queres, podes! Com bem-estar e paz, podemos ter um infinito potencial paro nos conectar com o Coração do Universo, herdar o Universo e fazer o trabalho que o Grande Espírito, o nosso Grande Espírito que que façamos.
Paz e bênçãos!
Danny Paradise. Hawai, 25 Abril 2007. www.dannyparadise.com
matéria exclusiva da revista PYJ#6
1 comentário:
Olá Henrique! Gostámos muito do comentário que fizeste ao workshop e ao Danny Paradise. :)Também estivemos lá.
Partilhamos da tua opinião... "seja qual for o nome antes da palavra Yoga, o fundamental é que a prática seja Verdadeira para nós."
Shivoham, Shivoham
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